Terça-feira, às sete da manhã, achei o amor da minha vida. E você ainda nem sabe.
Sua barba mal feita, seu desleixo e sua cara de sono. Me ganhou com o bocejo.
Sua camisa bem larga meio grunge anos noventa. Um sujinho só pra mim.
Dava pra ver a tatuagem com uma linda frase escrita no peito de cinco pêlos. Nem dava pra ler, mas eu sei que era linda porque era sua.
Sai desse celular com essa garota. Ela é chata e eu sou fora do comum.
Olha pra mim, minha franja sem chapinha e minha mochila de zebrinha querendo te amar.
Na sua pasta de designer tava escrito o seu nome com um garrancho. Coisa de artista.
Vou procurar por todos os Felipes nas redes sociais. Preciso que você saiba que o amor da sua vida sou eu. Você nem sabe, mas sou eu.
Me olhou meio de canto, com cara de espanto como quem encontra um psicopata. Olha pro branco do meu olho pra gente se apaixonar.
Os planos já estavam anotados na minha agenda de 2023. A gente ia casar, na igreja no quarteirão da minha casa.
Três filhos de cabelos escorridos e olhos castanhos como os seus. Você um produtor importante e eu ganharei a vida escrevendo sobre nós dois.
Você tinha um futuro todo na mão. Comigo. Sou engraçada às vezes, até que você ia gostar.
Só não sei porque diabos descer na Sé quando a gente ainda tinha mais três estações de metrô pra se amar.
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Autora: Mainá Belli)
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