– Mas eu troco os pés pelas mãos, entende? – disse encolhendo os ombros como se precisasse se desculpar – Sou uma bagunça completa!
– Como assim? – ele perguntou com certa curiosidade – Bagunça?
– Sou mais bagunçada que quarto de adolescente, que carro em viagem longa, que salão depois de festa. Eu e as minhas manias e esse meu jeito desajeitado e espontâneo de expor meus sentimentos. Eu sempre falo o que quero e quase sempre quando quero e aí eu tenho que suportar as consequências, né? Eu me afogo em expectativas e eu choro até os olhos ficarem pequenos de inchaço. Na minha cabeça mariposas dançam Macarena em ritmo acelerado vinte e cinco horas por dia, especialmente quando estou sonhando. Ôh mente fantasiosa que não para de trabalhar…
Sou mais bagunçada que guarda-roupa antes de um encontro, que chão de cozinha depois do almoço, que cabelo molhado quando acorda. E mais complexa que as teorias de Proust, que desfile do Gareth Pugh, que filme sangrento do Tarantino. Eu tô sempre tropeçando no amor antes mesmo dele bater na minha porta. Poxa, tô sempre caindo e sempre errando. E eu quero abraçar o mundo inteiro apenas com esses meus dois e curtos braços. A culpa toda é dessa bagunça completa que sou eu.
Você nem imagina! Sou mais bagunçada que depósito de brinquedos antes do dia das crianças, que festa para solteiros antes do dia dos namorados, que teoria de ateu durante o Natal e que roqueiro fantasiado dançando marchinha de Carnaval.
– Garota, realmente, você é uma bagunça completa! – disse atônito enquanto ajeitava com carinho o cabelo dela atrás da orelha – Mas não se preocupa com isso, eu e a minha mania de organização sabemos muito bem como consertar isso. Arrumo a bagunça que você parece ser, organizo a complexidade das tuas ideias e de quebra ainda consigo cuidar de ti. Basta você deixar e tudo vai se ajeitar no seu devido lugar. Deixa?
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