Dia dos namorados. Olha, já tive melhores e mais animados. Com encontros, presentes e beijos e amassos em sessões de cinema – os melhores filmes que eu nunca assisti. Na comemoração desse ano resolvi sair sozinha, meio que sem destino.
Sai de casa para escapar dos posts deprimidos de solteirões encalhados nas minhas redes sociais. Evaporei para fugir dos garotos que queriam sair comigo apenas pelo fato de que hoje o calendário marca a data doze de junho. Cara, ninguém sabe ficar sozinho nesse dia?
Com o meu passeio sem rumo encontrei-me sentada no banco de um parque próximo de casa fingindo ler um livro quando, o que eu realmente estava fazendo, era uma reflexão depressiva sobre como o amor havia me trapaceado nesses últimos anos. No momento mais intenso desse meu raciocínio amoroso olhei para o lado e tinha uma galera se amando no banco à esquerda. Calma, não era suruba em praça pública mas, como não consegui decifrar onde começava a boca de um e a língua do outro, intitulei o casal de galera.
Pô, assim não dá para me concentrar no meu drama pessoal, gente! Mudei-me instantaneamente para o Café localizado no centro do parque. Tinha muita galera por ali também, entretanto, eu poderia ao menos bebericar o delicioso cappuccino com essência de canela que eles servem por lá.
Assim que o garçom dos olhos azuis me serviu a xícara, um braço masculino – e tatuado – me cutucou e disse:
- Já experimentou tomar esse cappuccino com chantilly e misturar a essência de canela com uma de baunilha?
Não, eu nunca tinha e não, não consegui responder ao garoto simplesmente porque fiquei hipnotizada com a voz do dono da pergunta. Gostei da camisa xadrez, da touca cinza, do tênis bordô e do seu alargador. Seus olhos formavam o mais expressivo e encantador dos olhares nos quais já me fixei . Do seu iPod pude ouvir bem baixinho a melodia de “Fluorescent Adolescent” do Arctic Monkeys. Fitei-o dos pés à cabeça. Alto, bem articulado, aquele tipo de charme que, se ele fosse um assaltante e me ordenasse para passar-lhe o celular eu nem me lembraria do aparelho eletrônico mas anotaria em um papel meu número em uma perfeita caligrafia. Na minha mente já estávamos casando, viajando o mundo e fazendo aquelas juras de amor – assim, no melhor sentido da palavra – melosas.
Antes que eu pudesse continuar de escrever mentalmente meu romance à la Nicholas Sparks o garoto se sentou do meu lado, se apresentou como Leo e comentou baixinho:
- Costumo vir aqui toda semana apenas para experimentar novos cafés e para obviamente observar o garçom dos olhos azuis e barbicha. Ele é uma gracinha não acha?
Óbvio! Bom gosto musical, bom gosto para se vestir e incrivelmente cheiroso. Como é que eu não desconfiei? Problemas do mundo moderno! Só não exclamei “Que desperdício!” pois com certeza tem quem aproveite!
E foi assim que passamos o nosso melhor “Dia dos Namorados”. Eu e ele. Nada de beijos ou amassos pois, bem, seria um tanto bizarro. Do contrário, dividimos as experiências com cappuccinos e as piscadinhas pro garçom do olho azul e barbicha. Esse doze de junho me rendeu boas risadas ao comentarmos sobre os casais galera da mesa ao lado e ao fazermos piadinhas inocentes com os sobrenomes dos nossos ex-namorados.
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Essa história nem tem moral, mas se eu tivesse que escolher uma seria: “Antes de criar expectativas crie amigos! Eles saberão muito bem o que fazer contigo quando teu coração precisar de algo quente, tipo um abraço ou um cappuccino.”
(Autora: Mainá Belli)
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