Saí sem destino, à toa. Caminhando no ritmo que a minha vida tem levado nesses últimos meses. Dois? Três talvez…
As ruas estão mais esburacadas que a minha pele – por conta dos tiros que levei. Um no coração e outros vinte no fígado.
Viro esquinas descontroladamente. Ficar na mesma direção é evitar alternar os erros com os acertos. Otários – ou tolos para ficar mais bonito – são os que acreditam que continuando no mesmo sentido obterão resultados diferentes. Serão igualmente estáticos, te garanto.
Ando rápido, mas não corro para não passar depressa demais. É que as ruas andam mais esburacadas que meus órgãos vitais.
Atravesso cruzamentos onde a sinalização indica a cor vermelha. Quero ter certeza que a sorte ainda pode me salvar. De que vale a vida se repleta de azar? James Dean entenderia…
Evito faixas de pedestres. Olhar para os dois lados implica rotinas. E as ruas estão mais esburacadas que o meu sistema cardiovascular.
Inverto os faróis para confundir os sentidos dos condutores. Sentido de contramão, sentido sensorial. É que eu quero que fique claro: quem conduz a minha vida sou eu.
Reviro lojas de consertos. Troco sorrisos por abraços. Pague dois e leve três.
Tropeço e caio com a cara no chão. É a falta de asfalto nessas ruas esburacadas. Ou a falta de amor recíproco – o que, às vezes, dá no mesmo…
E eu saio sem destino, à toa. No ritmo que a minha vida tem dançando nesses últimos meses. Quatro? Cinco talvez…
(Autora: Mainá Belli)
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