Desculpe-me a distração e a fugacidade que deixei. Assim, sem querer. Existe alguém que lê antes de concordar com os termos de uso?
Dos erros o que eu gostei, em longos treze meses. E aí virou do avesso, o forro que tocava com suavidade, mais aconchegante que a parte em cetim. Você. Nós dois.
Desculpa a intensidade de cada sílaba que eu gri-tei; e in-sul-tei; e a-mei. O que era perfeitamente certo no lado errado e no momento mais inoportuno. Cê sabe, em um copo d’agua a minha tempestade ultrapassa os mililitros permitidos na expressão. Sinto muito por meus acertos, mas dos meus erros eu não abro mão.
Lembro-me do chiclete de melancia com hortelã e dos teus olhos sonolentos. Sono vespertino, fora do horário normal; mas o silêncio não combina com você e é por isso que ainda estranho a ausência. Pô, sinto muito por esse meu apego desnecessário.
Curtos treze meses que contabilizaram por tanto tempo apenas dois grãos de areia localizados no topo da ampulheta. Mas não se apegue ao meu apego por números de pouca importância – de novo o tal do apego – é que me lembrei que já faz um ano desde que virei as costas pela última vez. Tenho certeza de que foi a última, entretanto ainda soa como a primeira.
Desculpa a reviravolta de segundos em sua vida e a partida deixando mínimos vestígios, tentando ser imperceptível, ou algo do tipo. Talvez não quisesse ser lembrada e talvez estivesse desesperada por memórias drásticas. O toque dramático que eu sempre instiguei.
E o nosso treze do azar foi sorte durante este tempo. Desculpa se a sua sexta-feira foi treze quando para mim ainda era dia doze. Tua indecisão contínua, nossos desesperos mútuos.
E, cara, desculpe-me; sei que não pedi para você ficar mesmo quando eu o queria desesperadamente, mas no fundo você bem sabia: não fui feita para caber, fui feita para transbordar.
(Autora: Mainá Belli)
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